A educação sexual é fundamental para informar as pessoas, principalmente os jovens, sobre o funcionamento do seu próprio corpo e sobre as expressões da sua sexualidade, contribuindo para o bem-estar geral dos indivíduos.
A educação sexual é um tema rodeado de tabus no Brasil. Enquanto é tema da popular série da Netflix, Sex Education, é também motivo de polêmica no cenário político atual. Isso porque uma onda de conservadorismo é contra a abordagem do assunto com crianças e adolescentes.
No entanto, a educação sexual trata simplesmente de oferecer a qualquer indivíduo, principalmente entre os mais jovens, informações e esclarecimentos sobre seu corpo e sobre suas vivências sexuais próprias a cada idade.
Dessa forma, ela aborda desde o desenvolvimento da sexualidade até as questões de gênero e de orientação sexual. O objetivo é estimular uma relação saudável consigo mesmo e com o outro. Ela não está, como alguns pensam, relacionada ao início precoce da atividade sexual – muito pelo contrário. Como veremos, ela pode até retardar esse início.
Assim, a educação sexual pode, teoricamente, acontecer em casa, na escola ou em outros espaços sociais, como centros de promoção da saúde. Entenda os principais temas importantes para uma educação sexual de qualidade e conheça os seus benefícios a seguir.
Principais temas da educação sexual
Um dos temas centrais para a educação sexual envolve a noção de diversidade. Nesse eixo, fala-se sobre assuntos como sexualidade, orientação sexual e questões de gênero. A ideia é promover a inclusão, a aceitação das diferenças e a igualdade entre os indivíduos independente da sua identidade de gênero ou orientação sexual.
É muito importante, também, a noção de autoproteção e de prevenção da violência sexual. Desse ponto de vista, é importante deixar claro para os jovens, desde a mais tenra idade, os limites que existem para o contato com o outro. Dessa forma, o indivíduo aprende a reconhecer atitudes que são inapropriadas e que caracterizam formas de abuso sexual, e aprende a se defender dessas situações, denunciando para os pais ou para a escola, por exemplo.
Além disso, aborda-se o conhecimento sobre a estrutura e o funcionamento do sistema reprodutor masculino e feminino e sobre o desenvolvimento sexual humano, com o aparecimento dos caracteres sexuais secundários.
Nesse eixo, é possível esclarecer os riscos envolvidos no início precoce da vida sexual e da gravidez na adolescência, por exemplo. É possível, também, falar sobre aborto e prevenção de IST (Infecções Sexualmente Transmissíveis, como a AIDS)
Por fim, de uma forma geral, a educação sexual tem como pontos temáticos a consciência e integridade corporal, os sentimentos, as emoções, o consentimento, os sonhos, a identidade, as escolhas, a higiene, a saúde e as relações consigo mesmo e com os outros.
Princípios da educação sexual
De acordo com a Febrasgo – Federação Brasileira das Associações de Ginecologia e Obstetrícia – o objetivo da educação sexual é a busca pelo bem-estar na nossa relação com o próprio corpo e com outros indivíduos. Por isso, um dos elementos chave na educação sexual é a abordagem dos temas de forma apropriada para cada faixa etária, tanto no que diz respeito à forma de tratar os assuntos como ao seu conteúdo.
Além disso, em alinhamento com recomendações da UNESCO, a educação sexual precisa ter como base evidências científicas. Ela deve, ainda, ser abrangente, adequada à idade e ao desenvolvimento cognitivo, específica para cada gênero e ser culturalmente relevante e transformadora.
Importância da educação sexual
Ao contrário do que alguns mitos sugerem, a educação sexual de crianças, adolescentes e jovens adultos está associada a alguns efeitos sociais benéficos. Observa-se que o início da vida sexual acontece mais tarde, uma diminuição da frequência de relações sexuais entre os jovens e a redução de relações arriscadas.
Por outro lado, ocorre um aumento no uso de preservativos e de contraceptivos e no conhecimento a respeito de gravidez e de infecções sexualmente transmissíveis. Dessa forma, a educação sexual contribui para a prevenção do HIV e outras infecções.
Observa-se, também, que pode haver benefícios para a saúde no longo prazo, redução da violência doméstica e da discriminação, com aumento da igualdade de gênero.
Uma educação sexual de qualidade pode ajudar na transição dos jovens da infância para a idade adulta, contribuindo para que enfrentem desafios físicos, sociais e emocionais comuns a essa faixa etária. Pode, da mesma forma, servir para complementar ou guiar o indivíduo em meio à grande quantidade de informações que existem na internet. Assim, ajuda-os a filtrar as informações pertinentes e a enfrentar situações como o ciberbullying.
Educação sexual no Brasil e no mundo
No Brasil, como acontece nos Estados Unidos, a educação sexual nas escolas não é compulsória. Já em alguns países da Europa, como a Holanda, ela é obrigatória, sendo abordada nas escolas. Curiosamente, a Holanda é o país com menor índice de gravidez na adolescência.
Além disso, no Brasil, assim como em alguns países da Europa, aborda-se a educação sexual de forma transversal nas escolas, como atividades complementares de outras disciplinas. A biologia é um exemplo em que se pode abordá-la em seus aspectos relacionados à estrutura e funcionamento do sistema reprodutor e à saúde de forma geral.
Enquanto no cenário político brasileiro atual a educação sexual é motivo de alguma polêmica, na Europa esse é um tema considerado natural e necessário. Por outro lado, em países islâmicos do Oriente Médio, o assunto é proibido.
Exemplos de programas brasileiros que abordam aspectos de educação sexual
A Escola de Aplicação da USP tem uma página com seu Programa de Gênero e Sexualidade. Ele aborda temas como a construção e reconstrução da identidade, desigualdade de gênero e questões relacionadas com a sexualidade e a orientação sexual. Os temas são tratados sempre respeitando a idade e a evolução das crianças, abordando os assuntos que fazem parte do seu universo cognitivo e da sua vivência pessoal.
Em São Paulo e no Rio de Janeiro existem projetos inovadores que integram os eixos de educação, saúde e ação comunitária, voltados para adolescentes. São, respectivamente, a Linha de Cuidado para a Saúde na Adolescência e Juventude para o Sistema Único de Saúde do Estado de São Paulo e o Núcleo de Estudos da Saúde do Adolescente (Nesa).
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Agora que você já entende os conceitos básicos relacionados à educação sexual, pode se aprofundar em alguns aspectos envolvidos na sexualidade humana que já abordamos aqui no blog da Diversão & Amor.
Nesse sentido, nós já falamos sobre o significado de sexualidade e orientações sexuais como a bissexualidade, a demissexualidade e a pansexualidade. Nosso objetivo, ao abordar esses temas, é contribuir para que todos, independentemente de gênero ou de orientação sexual, se sintam mais leves para experimentar a sua forma de existir e de se expressar sexualmente, seja ela qual for.
