Não existem métodos contraceptivos 100% eficazes – mas, quando usados corretamente, as chances de prevenir uma gravidez indesejada são muito altas e qualquer efeito colateral pode ser minimizado.
Muitas dúvidas podem surgir na hora de escolher métodos contraceptivos. Alguns dos principais fatores a serem levados em consideração são:
- A frequência de relações sexuais;
- O número de parceiros;
- O nível de comprometimento entre o casal;
- A segurança do método contraceptivo;
- Os possíveis efeitos secundários indesejáveis ou desejáveis;
- A eficácia no uso perfeito e no uso de mundo real;
- Os custos envolvidos no curto, médio e longo prazo;
- As possíveis dificuldades no uso;
- Existência de alergias ou outras contraindicações;
- A possibilidade de reverter seus efeitos.
É preciso, ainda, analisar qual é o nível de risco de engravidar que a pessoa está disposta a assumir. Esse nível de risco pode ser muito diferente entre uma pessoa solteira que faz sexo casual e uma pessoa casada, que pretende ter filhos em breve, por exemplo.
Dessa forma, a prática anticoncepcional mais adequada para cada pessoa vai depender de uma análise individual e cuidadosa. Uma conversa franca com um profissional especialista na área – normalmente, ginecologista – é a forma ideal para entender melhor cada possibilidade e fazer a escolha mais efetiva.
Quanto mais conhecimento sobre o assunto a pessoa tiver, melhores vão ser as condições para que esse processo seja bem-sucedido. A possibilidade de ter relações sexuais sem engravidar é fundamental para o empoderamento sexual feminino, permitindo que a mulher busque o prazer de forma mais livre.
Pensando nisso, trouxemos algumas informações para se levar em consideração na hora de avaliar as opções anticoncepcionais disponíveis. Confira a seguir – e não deixe de consultar um profissional da saúde antes de tomar sua decisão, ok?
Métodos contraceptivos reversíveis de curta ação
Esses métodos contraceptivos estão entre os mais conhecidos e mais utilizados. Eles são reversíveis, ou seja, se houver o desejo de engravidar, é possível interromper seu uso e a gravidez pode ocorrer com a mesma rapidez que ocorre em mulheres que não façam uso de nenhum método anticoncepcional. São, portanto, bastante indicados para mulheres que pretendem engravidar no curto-médio prazo.
Eles são, também, de curta ação. Isso significa que, para que sejam usados na forma correta e tenham a eficácia máxima, é preciso usá-los toda vez que se pratica o sexo (exemplo: preservativo) ou em intervalos curtos regulares (exemplo: pílula anticoncepcional ou contraceptivos injetáveis). Por isso, para que esses métodos funcionem é fundamental ter disciplina para adotar a regularidade necessária e, além disso, fazer o uso exatamente da forma indicada em cada caso.
As opções de métodos contraceptivos reversíveis de curta ação são: pílulas anticoncepcionais, adesivo anticoncepcional, anel vaginal, camisinha masculina, camisinha feminina, diafragma, capuz cervical, esponja, espermicidas e injeção anticoncepcional.
É importante destacar, aqui, que o único método contraceptivo que também protege contra IST (Infecções Sexualmente Transmissíveis, como o HIV e a sífilis) é o preservativo, seja masculino ou feminino.
A eficácia desses métodos de contracepção varia e depende muito da forma como são utilizados no dia a dia de cada pessoa. Em geral, no uso perfeito a eficácia é superior a 99%. No entanto, quando se avalia a eficácia no uso real, os índices podem ser menores, como 91% no caso da pílula anticoncepcional e até mesmo 82% no caso do preservativo. Por isso, é importante ter muita atenção para usar corretamente esses recursos!
Métodos contraceptivos reversíveis de longa ação
Os métodos contraceptivos reversíveis de longa ação têm a grande vantagem de não dependerem de práticas a cada uso ou em intervalos regulares. Ao contrário, eles são aplicados pelo médico ginecologista e podem ter efeitos durante anos, evitando a gravidez por intervalos entre três e dez anos, dependendo do método escolhido.
Como têm efeitos duradouros, estão menos sujeitos a erros na hora da utilização ou esquecimentos. Entre as opções encontramos o DIU de cobre, o DIU hormonal e os implantes hormonais subcutâneos. Por isso, sua eficácia no uso real é muito parecida com a eficácia no uso perfeito, e normalmente chega a mais de 99%.
No entanto, sua aplicação pode envolver dor ou desconforto leve para a mulher, e é necessário fazer um acompanhamento regular para avaliar se está tudo bem e o momento correto de fazer a nova aplicação do recurso escolhido.
A Febrasgo (Federação Brasileira das Associações de Ginecologia e Obstetrícia) tem um folheto detalhado sobre o uso desses métodos contraceptivos, com informações mais aprofundadas sobre estudos de eficácia, indicações e outros aspectos relacionados ao seu uso.
Procedimentos definitivos para evitar a gravidez
Os métodos contraceptivos definitivos são aqueles realizados por meio de uma intervenção cirúrgica. No caso da mulher, é feita a laqueadura e, no caso do homem, o procedimento é a vasectomia. Ambas as intervenções têm eficácia de 99%, e são cirurgias relativamente simples e com rápida recuperação.
No entanto, a laqueadura, apesar de ser reversível, tem pouco sucesso para gravidez após a reversão do procedimento. Já a vasectomia é mais facilmente reversível. Além disso, é importante frisar que a vasectomia não afeta em nada a ereção ou a libido masculina.
Os critérios para que uma pessoa possa se submeter à laqueadura ou à vasectomia, pela legislação atual (Lei 9263/1996, que trata do planejamento familiar), são ter 25 anos ou mais e possuir, pelo menos, dois filhos vivos. Alternativamente, é possível realizar a laqueadura caso a possível gravidez represente risco à vida ou à saúde da mulher ou do futuro concepto. No caso da existência de compromisso de casamento, é necessário que ambos os cônjuges autorizem expressamente o procedimento.
Existem, no momento, projetos que tramitam no congresso para reduzir a idade mínima para esses procedimentos, como o PL 390/2021, que propõe a redução da idade mínima para 21 anos de idade, e o PL 359/2021, que propõe a redução da idade mínima para 18 anos.
Táticas comportamentais contraceptivas
Os métodos contraceptivos comportamentais têm a vantagem de serem baratos, naturais, e não possuírem efeitos adversos. No entanto, a eficácia é relativamente baixa, quando comparada aos demais métodos que já destacamos aqui. Os mais utilizados e conhecidos são a tabelinha, a medida de temperatura, o muco cervical, e o coito interrompido.
A tabelinha envolve cálculos para estimar o período fértil de acordo com a duração do ciclo menstrual. A tática consiste em se abster de relações sexuais durante o período com risco de fertilidade, ou redobrar os cuidados com preservativos e outros métodos de barreira nessa fase. No entanto, cabe frisar que, principalmente em casos de ciclos irregulares, é possível engravidar mesmo fazendo sexo durante a menstruação, por exemplo.
Já na medida de temperatura, há a estimativa da ovulação e, portanto, do período fértil. Ela é feita a partir da aferição da temperatura basal, todos os dias, sempre com o mesmo termômetro e no mesmo local. Observa-se um aumento da temperatura entre 0,2 e 0,5 graus durante a ovulação.
Algumas mulheres recorrem, ainda, à análise do muco cervical, que tende a ter a consistência semelhante à da clara de ovo durante a ovulação. É preciso fazer essa observação diariamente até conhecer bem as características do muco para estimar a ocorrência da ovulação com mais chances de acerto.
Por fim, alguns casais recorrem ao coito interrompido, que é quando o parceiro retira o pênis da vagina antes de ejacular. Depende de muito autocontrole e comprometimento para ter chances de funcionar. Além disso, a taxa de falha é muito alta, até porque os fluidos seminais que são liberados antes da ejaculação também podem conter espermatozoides.
E a pílula do dia seguinte?
A pílula do dia seguinte não é considerada um método contraceptivo, e sim um recurso para emergências. Ou seja, quando outros métodos contraceptivos tenham falhado ou realmente não tenha sido possível o seu uso. Isso porque essas pílulas têm uma dose hormonal muito alta, que pode desregular o ciclo feminino e ter outros efeitos indesejados.
Além disso, a eficácia é relativamente baixa. Ela chega a 88% caso seja ingerida nas primeiras 24 horas após a relação sexual, e essa eficácia cai conforme o tempo passa. Deve ser usada no máximo até 72 horas depois do sexo e por no máximo duas a três vezes no ano. Seu uso não deve ser frequente, pois além dos efeitos colaterais, ela perde seu efeito se usada de forma recorrente.
Curiosidade
Você sabia que é possível engravidar de um segundo feto, mesmo já estando grávida? Sim, essa situação é bastante rara, mas pode acontecer: é chamada de superfetação. Normalmente, durante a gravidez não ocorre ovulação e não pode, portanto, haver o início de uma segunda gestação.
No entanto, se houver alguma alteração hormonal – como em tratamentos para engravidar, por exemplo – pode acontecer de uma mulher que esteja grávida há alguns dias ovular novamente e ser fecundada, dando origem a um segundo feto.
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